Guerra in Rio

Ainda não assisti ao Tropa de Elite 2. Devido aos acontecimentos do RJ eu até pensei: para que pagar mo grana pra ver o BOPE matando gente pobre se isso tá acontecendo no Rio de Janeiro direto nesta última semana. Este é o Rio de Janeiro, que em nenhum momento, desde a instalação da 1° UPP à dois anos atrás, nunca se viu pacificado, ao contrário do que diz a propaganda do governo do Rio de Janeiro. As UPPs, instalada principalmente nas favelas da zona sul, onde mora a burguesia, fez simplismente expulsar os bandidos dessas localidades para se dirigirem a outras. Na verdade, não somente os traficantes foram expulsos, mas tbm muita gente pobre, moradores dessa favelas, como foi denunciado pelo jornal de esquerda A Nova Democracia em setembro de 2010 (algo que a mídia burguesa não diz).



Tratemos aqui especificamente dessa onde de violência e guerra no Rio de Janeiro que chamou a atenção de todo o Brasil. Os traficantes, expulsos das areas que antes dominavam, agora se refugiam em favelas da zona Norte e baixada fluminense. O que nosso governador Sérgio Cabral faz é simplismente limpar a Zona Sul, enquanto o resto do RJ continua a sofrer. Porém, agora o bicho pegou. Os traficantes resolveram reagir, e aterrorizam agora todo o Rio de Janeiro, desde a baixada fluminense, até a zona norte e a própria zona sul. Foram ao todo 96 carros e ônibus queimados, fora diversas mortes de moradores inocentes desde domingo. O confronto entre Polícia e militares contra traficantes se deu principalmente na vila do cruzeiro na Penha. Bandidos fogem para o complexo do Alemão, e a guerra continua.






Mas de quem seria a Culpa? Do sérgio Cabral? da UPP? Do Bope? Dos traficantes? Sim, estes sim. Os traficantes são os vilões da vez. Já perdi a conta de quantos falaram: "bandido bom é bandido morto." Mas seria mesmo culpa deles? Se voltarmos um pouco na História, relembraremos o surgimento da primeira favela, no Morro da Providência. No final do séc. XIX, a um grupo de soldados que lutaram na guerra de Canudos, foi prometido moradia na cidade do Rio de Janeiro. Devido a politica ineficiente e demora burocrática do governo, enquanto aguardavam suas casas, os ex-combatentes ocuparam o morro, e por lá ficaram. Outros morros do Rio de Janeiro também foram ocupados pelos escravos alforriados. Vivendo a margem da sociedade, sem moradia digna, condições de vida, emprego, foram obrigados a outros métodos de sobrevivência. Surge assim, roubos e, posteriormente, o tráfico de drogas. A violência hoje é resultado dessa história.







O capitalismo atual contribuiu para a formação de novos agentes do tráfico. O capitalismo diz que você só é alguem se tiver um carro do ano, mulheres, muito dinheiro. Como um morador de favela conseguirá tudo isso? toda essa ganância que o capitalismo induz? varrendo ruas? Não! roubando, traficando.. etc. A sistema criou esses bandidos, essa violência. E agora, eles tem de pagar com a vida. Mas não adianta matar os bandidos, pois a sociedade continuará criando novos. O que tem de ser detido é a fábrica, e não necessariamente o produto. E a fábrica dessa violência, corrupção, desvalorização da vida, é o próprio capitalismo. Hoje o exército se prepara para invadir as favelas. Sim, os pobres da favela serão detidos. Porém, eles não são os verdadeiros vilões. Só são peças do sistema. peças discartáveis. O sistema cria novos agentes para sobreviver depois da morte desses. Quem lucra com toda essas mortes, esse tráfico, são grandes empresários e políticos, que o Jornal Nacional não mostra e o BOPE não prende.



Bem, é esse o meu recado. Acho que matar o pobre que não teve chance na vida não adianta. Enquanto existir capitalismo, isso irá continuar. Tem de se mudar o sistema, criar um novo onde a vida valha mais do que o dinheiro. Enquanto isso, nossa sociedade parece caminhar para o fascismo, onde o Capitão Nascimento se tornou herói. Este é o Rio de Janeiro. Esta é a cidade que se apresenta ao mundo como sede da Copa do Mundo e das olimpiadas. Essa é a cidade de um povo pobre que luta para sobreviver e que sofre. Esse é o Brasil.